Três pessoas repetiram, na última semana,
uma frase que me
deixou muito pensativa:
“Você é boazinha demais...”
O tom de lamentação também se repetiu.
Acordei cedo. Tomei uma chuveirada quente.
Vesti uma calça
skinny, coloquei um sobretudo e escolhi meu maior salto.
Arrumei os cabelos num
“coque” lá no alto e fiz uma maquiagem ao estilo Black.
Batom escuro e
delineador forte. Perfume porque o cheiro faz parte do clima.
Dei uma olhada no
espelho e também um suspiro.
Sai pisando duro, com toda elegância.
Empinei o nariz e até
o queixo.
Corpo ereto, caminhando firme e repetindo:
“Sou má. Muito má. A
maldade está dentro de mim.
Estou ficando cada vez mais má. Muito má.
A
maldade está encontrando meu sangue quente em minhas veias.
Má. Má. Muito má.”
E lá de longe, vi um beija-flor
entrando na minha sala e
estagnando meus pensamentos malvados.
Pensei , imediatamente:
“ô dó... querendo
sugar a seiva plástica...”
Voltei a mim com meus passos leves.
Ser má não é
pra qualquer um.
Ser má também exige dom!
(frô)