quinta-feira, 27 de junho de 2013
Conto
(Imagem: http://www.semprealegria.com/blog/borboletas-8/)
Era uma vez,
Uma libélula que virou borboleta.
Encontrou um lobo
Que vestiu-se de cordeiro
E achou que a borboleta
Que era libélula,
era flor.
Ele era daltônico
E por isso não percebeu
Que a flor era borboleta.
E cheirou a flor,
Que não era flor
E não sentiu cheiro de nada,
Porque a borboleta
Se esqueceu de passar perfume.
Daí ele arrancou a flor da folha verde
E as asas da borboleta se dissolveram
E viraram pó.
E o lobo sentiu a pele de cordeiro
Grudar nos seus pêlos.
E chorou.
Daí veio um gnomo
E colou uma flor nas costas
Da borboleta sem asas,
Deu três pulinhos,
Jogou umas estrelinhas
E a borboleta saiu voando.
E fim.
(frô)
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Era tão pouco de que Ana precisava. Alguém pra olhar pra ela, pra aproximar-se vagarosamente de seu pescoço e inspirar-lhe a alma.
Não precisava de ninguém para olhar por ela, para cuidar-lhe. Ana era inteira e sabia respirar, comer, sonhar, gozar, rezar, viver e morrer sozinha. Não precisava de ninguém para fazer por ela coisas elementares.
Precisava, sim, de alguém que lhe fizesse o que ela e ela não seriam capazes de fazer; nem juntas, nem sozinhas.
Precisava de alguém para sentir seu calor, sentir seu gosto e ouvir seu corpo. Precisava de alguém para sentir seu cheiro, não de alguém para respirar ao seu lado.
Precisava de alguém para olhar para ela e ir além da superfície de seus olhos.
Precisava que lhe ouvissem sua voz e suas palavras, suas histórias e teorias que angustiosamente esforçavam-se para traduzir-lhe o espírito.
Precisava de alguém para acariciar-lhe a tez na certeza de que tocava milhões de células-Ana, e não apenas um aglomerado de carne; alguém que sentiria a lisura escorregadia de suas pernas e o toque suave de sua pele morna; que enxergasse a inteira Ana além de dois olhos e um sorriso.
Ana rogava por alguém que sentisse o frescor de seus cabelos quando limpos e o calor, quando suados.
Um alguém que olhasse seu sorriso e enxergasse o motivo da boca exageradamente aberta, torta.
Ana não precisava dividir sua vida, nem de ajuda para vivê-la. Ana queria vivê-la por si só e queria vivê-la na vida do outro, que iria querer viver a vida dele, na dela.
Mas Ana inteira não lhe interessava.
Seu esmalte cor de sangue reluzente soava-lhe simplesmente vermelho, enquanto que, na verdade era que era cor de sangue; não vermelho.
Os saltos finos de seus sapatos não pretendiam elevá-la, mas torná-la altiva.
Seu perfume não era doce, não tinham notas de sândalo, bergamotas, nem de rosas nem de azuis; era, no entanto, de notas elegantes que, quando interpretadas, formavam uma fragrância misteriosamente libidinosa.
Para ele, Ana era apenas uma mulher de salto nos pés, esmalte nas mãos e perfume doce.
Suas lágrimas não eram de choro, mas desabafo de mulher falante que se emudece, afogada em suas paixões.
Se, contudo, José ou qualquer outro pegasse uma única gota dessa lágrima e a repousasse nos ouvidos de sua alma, teria conhecido um pouco da Ana que insistia em rejeitar e cuja rejeição o fazia perdê-la dia após dia, ainda que houvesse a inútil tentativa empreendida por ela mesma de descamar-se, enquanto a terra ainda a sustentasse.
(frô)
Não precisava de ninguém para olhar por ela, para cuidar-lhe. Ana era inteira e sabia respirar, comer, sonhar, gozar, rezar, viver e morrer sozinha. Não precisava de ninguém para fazer por ela coisas elementares.
Precisava, sim, de alguém que lhe fizesse o que ela e ela não seriam capazes de fazer; nem juntas, nem sozinhas.
Precisava de alguém para sentir seu calor, sentir seu gosto e ouvir seu corpo. Precisava de alguém para sentir seu cheiro, não de alguém para respirar ao seu lado.
Precisava de alguém para olhar para ela e ir além da superfície de seus olhos.
Precisava que lhe ouvissem sua voz e suas palavras, suas histórias e teorias que angustiosamente esforçavam-se para traduzir-lhe o espírito.
Precisava de alguém para acariciar-lhe a tez na certeza de que tocava milhões de células-Ana, e não apenas um aglomerado de carne; alguém que sentiria a lisura escorregadia de suas pernas e o toque suave de sua pele morna; que enxergasse a inteira Ana além de dois olhos e um sorriso.
Ana rogava por alguém que sentisse o frescor de seus cabelos quando limpos e o calor, quando suados.
Um alguém que olhasse seu sorriso e enxergasse o motivo da boca exageradamente aberta, torta.
Ana não precisava dividir sua vida, nem de ajuda para vivê-la. Ana queria vivê-la por si só e queria vivê-la na vida do outro, que iria querer viver a vida dele, na dela.
Mas Ana inteira não lhe interessava.
Seu esmalte cor de sangue reluzente soava-lhe simplesmente vermelho, enquanto que, na verdade era que era cor de sangue; não vermelho.
Os saltos finos de seus sapatos não pretendiam elevá-la, mas torná-la altiva.
Seu perfume não era doce, não tinham notas de sândalo, bergamotas, nem de rosas nem de azuis; era, no entanto, de notas elegantes que, quando interpretadas, formavam uma fragrância misteriosamente libidinosa.
Para ele, Ana era apenas uma mulher de salto nos pés, esmalte nas mãos e perfume doce.
Suas lágrimas não eram de choro, mas desabafo de mulher falante que se emudece, afogada em suas paixões.
Se, contudo, José ou qualquer outro pegasse uma única gota dessa lágrima e a repousasse nos ouvidos de sua alma, teria conhecido um pouco da Ana que insistia em rejeitar e cuja rejeição o fazia perdê-la dia após dia, ainda que houvesse a inútil tentativa empreendida por ela mesma de descamar-se, enquanto a terra ainda a sustentasse.
(frô)
domingo, 16 de junho de 2013
(...)
Chap… chap… chap… chap… chap...
Reticências…
Amo … chap… chap…chap…
Um mundo todo chap… chap… sem limites…
Chap..chap.. infinito.. chap.. chap..
Eu…
Sem...
paredes…
pare de…
chap.. chap.. chap..
parênteses... chap..
chap,chap,chap, chap
Reticências – chap chap chap chap chap chap chap…
Reticências…
Amo … chap… chap…chap…
Um mundo todo chap… chap… sem limites…
Chap..chap.. infinito.. chap.. chap..
Eu…
Sem...
paredes…
pare de…
chap.. chap.. chap..
parênteses... chap..
chap,chap,chap, chap
Reticências – chap chap chap chap chap chap chap…
Meu grande amor, me desculpe.
A culpa não é sua por eu não caber no seu mundo.
Me perdoe por não ter avisado antes ou ter avisado sem a necessária exatidão, que minhas reticências não cabem em parênteses materiais.
Seu mundo é lindo e você é lindo! Amo o jeito como me segura, suas sombracelhas arqueadas e seus pés acariciando os meus. Amo sua boca – como é linda! Amo também suas mãos e suas pernas! Amo seu peito e o cheiro que exala de seus poros. Amo você sentado, deitado, em pé, de lado...! Amo seus gemidos e seus olhos fechados. Amo sua pele e amo também suas manias. Amo tudo, mas não caibo na sua casa.
Minhas mãos são sujas e meus pés, inquietos. Minhas unhas encravadas destoam de sua perfeição. Meus olhos se molham quando suas manias e seus medos me atropelam, e olhos molhados entorpecem a visão.
Por isso, te amo no meu mundo, não no seu.
Obrigada por ter me recebido por esses anos, no seu lar, mas tenho meu próprio mundo pra habitar.
É lá que me caibo inteira, em minha cama de solteiro, num quarto minúsculo de janelas abertas.
Sinto muito, muito mesmo, por não respirarmos do mesmo ar. Mas é melhor que eu volte, ou morrerei asfixiada e você será assassinado pelo vírus que me é natural.
Você fica em minha memória e eu, na sua, cada qual em seu mundo.
Mas isso não impede que eu diga e repita: te amo.
A culpa não é sua por eu não caber no seu mundo.
Me perdoe por não ter avisado antes ou ter avisado sem a necessária exatidão, que minhas reticências não cabem em parênteses materiais.
Seu mundo é lindo e você é lindo! Amo o jeito como me segura, suas sombracelhas arqueadas e seus pés acariciando os meus. Amo sua boca – como é linda! Amo também suas mãos e suas pernas! Amo seu peito e o cheiro que exala de seus poros. Amo você sentado, deitado, em pé, de lado...! Amo seus gemidos e seus olhos fechados. Amo sua pele e amo também suas manias. Amo tudo, mas não caibo na sua casa.
Minhas mãos são sujas e meus pés, inquietos. Minhas unhas encravadas destoam de sua perfeição. Meus olhos se molham quando suas manias e seus medos me atropelam, e olhos molhados entorpecem a visão.
Por isso, te amo no meu mundo, não no seu.
Obrigada por ter me recebido por esses anos, no seu lar, mas tenho meu próprio mundo pra habitar.
É lá que me caibo inteira, em minha cama de solteiro, num quarto minúsculo de janelas abertas.
Sinto muito, muito mesmo, por não respirarmos do mesmo ar. Mas é melhor que eu volte, ou morrerei asfixiada e você será assassinado pelo vírus que me é natural.
Você fica em minha memória e eu, na sua, cada qual em seu mundo.
Mas isso não impede que eu diga e repita: te amo.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Temos que aprender a olhar para nossa vida e compreender que
casamento não é a união de duas pessoas que se completam, que se complementam
ou qualquer lenga-lenga do tipo, sob um mesmo teto, para que todo o resto de
nossas vidas seja facilitado. Casamento é decidir viver ao lado de uma certa
pessoa, seja dificultando ou facilitando o resto de nossas vidas, mas
tornando-as melhores, mais coloridas, simplesmente.
Temos que aprender a olhar para nossa vida e compreender que
casamento não é a união de duas pessoas que se completam, que se complementam
ou qualquer lenga-lenga do tipo, sob um mesmo teto, para que todo o resto de
nossas vidas seja facilitado. Casamento é decidir viver ao lado de uma certa
pessoa, seja dificultando ou facilitando o resto de nossas vidas, mas
tornando-as melhores, simplesmente.
Assinar:
Postagens (Atom)