De tanto em tanto tempo, os astros se alinham e, por alguns momentos, é formado um corredor mágico entre duas pessoas.
Por dentro, ele é negro, cheio de estrelas e parece
infinito. Acima, um universo convidativo, misterioso e intrigante. Não há chão
(nele, se flutua). À frente, um destino aveludado e com cheiro de flor.
As regras são simples: quem nele entra, corre um sério risco
de se perder. Quem não tem nada a perder e tem coragem, se aventura. Quem não
tem coragem, não saboreia. Quem tem coragem mas tem a perder, se arrisca
inutilmente. A verdade, que poucos sabem, é que o destino aveludado, na
verdade, não existe. O indivíduo se perde no vasto universo convidativo de
estrelas e nunca mais volta – não ao status
quo.
De tanto em tanto tempo, os astros se alinham e, por
momentos vários, são formados túneis de sonhos e planos entre duas pessoas.
Por dentro, ele é furta-cor, cheio de nuvens leves e amenas.
O chão é áspero, mas seguro. À frente, incognoscíveis destinos e perfumes. É
surpresa atrás de surpresa.
Quem nele entra, corre um sério risco de viver. Vive-se e
cresce-se. Não tem a magia do céu negro, infinito e estrelado, mas tem a morna
paz do aconchego. Nele, não se perde, a não ser os céus de corredores, que vez
em vez, surgem. Mas a importância deles é relativa. Basta firmar os pés na
terra, que tudo se resolve.
Os túneis e os corredores possuem características comuns:
surgem de tempos em tempos. Morrem, também. São incontroláveis, ambos. São
imprevisíveis. Todos possuem entrada e saída, mas tanto encontra-las quanto
decidir pelo transpasse ou não, são tarefas difíceis.
Se são excludentes? Sim e não. Sim, porque a entrada de um é
a saída do outro. Não, porque um se torna o outro num piscar de olhos.
De tanto em tanto tempo, os astros se alinham e, por um breve momento, você percebe que não sabe de nada, não controla seus
desejos e na realidade, mal faz o que acreditava serem suas próprias escolhas. Percebe sua pequenez e fragilidade e
faz conjecturas ridículas. Inventa teorias e finge que sabe das coisas.