Relendo as linhas...
Relendo poemas...
Relendo a vida...
Que susto levei!
Pai de bondade!
Fui traída!
Sonhos entulhei.
As letras da alma,
Engarrafei num vidrinho marrom,
Que larguei nas águas
do Rio Tocantins.
E lá, boiou, boiou e, depois, afundou!
Graças a Deus – e Ele é misericordioso –
Meus pequenos heróis no rio escuro se enfiaram,
Um com uma lanterna e o outro, com garras de brinquedo,
O resgataram e me entregaram
Como se fosse o tesouro mais maravilhoso,
Raro e valioso!
E era.
Sorri um sorriso molhado, sem jeito, calado.
Meus olhos se afundavam,
E a boca encharcava num beijo doce de mãe,
Que ainda que na mais singela desesperança,
Ainda que na falida rotina,
Ainda que no amargo sol que queima dessa Terra,
É amor.
Abro a garrafa com cuidado.
A pressão lá dentro é perigosa.
A tampa voa, atingindo uma arara branca e rosa
que voava sobre o céu lá de casa,
que rapidamente se silencia,
que vai crescendo conforme vai chegando,
que nem sente a fria hemorragia,
Que cai desacordada.
Sou eu.
Ao lado da garrafa já aberta,
As letras da minh'alma se entreolham.
Pairam no ar e começam a se flertar,
Me colocam no malicioso jogo da sedução
E como já prevendo que eu estaria hipnotizada,
Se sublimam, me encantam!
E como um projétil me acertam aqui.
Bem aqui.
E eu, pela queda desacordada,
E eu, pela dor anestesiada,
E eu, por Deus e pelos meus três heróis,
completamente
libertada.
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