É bom que saibamos que toda história de amor é um conjunto
de momentos, contexto, sentimentos, sensações, condições e ainda outros tantos
fatores. Quando esse conjunto envolve mais de uma pessoa, tem-se
relacionamentos interpessoais. São relacionamentos entre amigos, familiares,
colegas, conhecidos, parceiros.
Os relacionamentos, por sua vez, podem nos trazer sensações
e sentimentos bons e ruins. Quando são bons, ligamos à ideia de amor. Se são
bons e acontecem com determinado parceiro, então logo o classificamos como
relacionamento amoroso.
Compreendendo, portanto, que tais relacionamentos nada mais são
que uma espécie de um gênero muito mais amplo, é imperativo aceitarmos que a importância
real que esse “tipinho” desempenhará em nossas vidas é idêntica à dos outros
relacionamentos, a menos que assim não queiramos.
Partindo dessa premissa, compreendendo que o relacionamento
amoroso é tão somente um tipo de relacionamento interpessoal e que muitos dessa
espécie se desenharão em nossas vidas, torna-se prazeroso enxergar os
relacionamentos passados como belos livros, ilustrados pelas imagens das
lembranças, desenhados nos cenários da vida.
Há leitores que se entretêm facilmente com as histórias que leem,
não desgrudando os olhos das páginas mesmo enquanto caminham, descansam, comem.
Riem e choram. Suspiram, pensam na vida.
Há livros que têm o condão de pregar dessas
peças com qualquer leitor desavisado.
Ao final da obra, contudo, a vida continua. Fechamos a última
página com ódio mortal ou apaixonados pelos protagonistas. Muitas vezes, temos raiva
dos bandidos que não se deram tão mal quanto mereciam. Ficamos, ainda, com uma
vontade louca de acertar as contas com o autor! Mas o livro acabou e só nos
resta virarmos a última folha e encontrarmos a triste, solitária e melancólica capa.
Os amores passados são livros que podem ser folheados vez ou
outra, mas, em regra, não são ressuscitados. Poucos acabam relendo o livro já findo,
que jaz ali, numa estante preciosa, no fundo da memória; preferimos partir para
outra obra, com a expectativa premente de conhecer novos personagens, novos
enredos, novas tramas. E, por incrível que pareça, os novos personagens nos
cativam majestosamente; as paisagens imaginárias nos aconchegam; somos
apresentados a novos problemas, novas soluções e novas sensações. Somos
presenteados com um mundo novinho em folha!
E assim continuamos nossa caminhada como leitores e
protagonistas de nossas vidas. A cada livro ou história, novos aprendizados,
novas lembranças, novos sentimentos.
Finda a leitura, saibamos partir para a próxima obra, desejando
termos nós, personagens, tolerância, compaixão, amor, paciência e persistência
suficientes para que, em algum momento de nossas vidas, escrevamos o último
livro e que este, termine com reticências.
(frô)
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