Ela e eu
Ela entrou sabe-se la por onde
E circula no meu corpo.
Dói.
Minha carne arde e sinto-a navegando
Sob minha pele.
Sufoca-me por completo,
Constringe minhas veias,
Contorce meus músculos.
E não acaba.
Ah, me regozijaria o final
Sentiria meu peso
Se desprender do meu corpo
E minha alma a volitar.
Ela poderia ficar nessa carne
Áspera e quente.
Que se alimentasse de cada célula
E logo não restaria absolutamente nada.
Um verme que destrói a alma
Poderia muito bem destruir a matéria.
Sinto-a ainda dentro de mim.
Adormeceu.
Em frente, avanço.
Um dia de cada vez.
Até que eu levante a cabeça
Em direção à luz sem cor
E pergunte, intrigada, novamente,
Aonde vamos, eu e ela?
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