O transtorno me dá um prazer único
De tornar único cada fato e cada momento.
Eles ficam registrados no meu livro-da-vida,
Mas na memória se perdem como células soltas
Que compõem meu corpo, porém sem nenhuma
Ligação nítida entre elas.
Hoje me são.
Amanhã podem me ser, ou não.
E a meia-noite não existe.
Não me perder nesse contexto é mistério
Que venho desvendando depois dos vinte e cinco.
Necessário entender de que matéria
É feita minha membrana
E como funcionam meus órgãos vitais
E também quais deles são inúteis a ponto
De desmerecerem ocupar em mim.
Ontem existiu
Nasceu e morreu e (se) viveu
Não-sei-quê.
Quando compreendo os tamanhos de meus poros,
Aprendo a velocidade máxima permitida
De movimento de minhas células
Do tanto certo para suportar a pressão
E o calor e a idade
De dentro e de fora e de mim mesma.
O transtorno me transforma,
Me faz melhor-pior.
Me faz.
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