domingo, 14 de novembro de 2010













Tão obviamente simples,
que parece até verdade.
De um olhar tão sincero,
Que óbvio é que não é simples.

Tão naturalmente profundo
mas estranhamente raso.
De uma intensidade tão sutil
Que intriga e dá vertigem.

De mim, tirou migalhas.
Mordeu e as lançou,
Como meninos levados
A caroços de melancia.

E com uma frieza incomum,
(e a fria era pra ser eu)
Levou de minha boca todas as palavras
Restando apenas reticencias.

E os cuspiu
(os três pontinhos),
com tanta simplicidade e veemência,
que me fez rir.

E caminhando, virou lá
Onde o vento faz a curva,
Fechando o livro
E assinando com letra de forma.

Letra de autor que mentirosamente
autografa a capa,
“com carinho”,
Sincero mesmo, só a si.

E eu continuei rindo.
Como boba, no meu próprio palco.
Porque o mágico fez a pomba virar pena
E a coitadinha sumiu mesmo!

Mesmo rindo, me sinto viva.
Porque tenho menos de mim, em mim.
E como todo mundo sabe,
O sereno esfria a pedra.

Mas ó… tanto faz, dou de ombros,
Porque não sou pássaro nem melancia…
E das minhas pétalas,
Nem da sombra da cor do cheiro experimentou.

(e seria sincero se dissesse que nem queria.)

frô
21/08/2010

5 comentários:

  1. Olá, Frô,

    somos efêmeros e o efêmero passa por nós, a todo instante... "com carinho"!

    bj

    Betha

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  2. Frô(Gabriella),


    Essa inventividade que tem o poeta, engole as palavras, as reticências cuspindo os pontinhos deixando-nos tão leves...

    Lindos versos!

    Um abraço, Marluce

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  3. Usando de ti pra ti: "óbvio é que não é simples"...
    =)

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