Ma minha vida, três almas me trouxeram um tesouro. Cada uma ao seu modo, em seu tempo, me trouxeram um pouquinho da mesma riqueza: detalhes mágicos.
A primeira vez que tive contato com uma dessas três fadas, meu espírito reagiu agressivamente. Nossas energias eram diferentes. Também pudera, eu era muito aquém dela.
Ela tinha o estranho dom de fazer tudo parecer cena de filme. Enquanto eu pensava no refrigerante com um salgado, com.ela acontecia a macarronada com vinho, na beira do lago - e era o Sena.
Era uma flor no cabelo, uma perninha levantada e pluft! Tínhamos fotos de cinema! Um cintinho amarrado aqui, uma botina no pé e a magia acontecia, entrando em personagens que eu sequer conhecia.
Depois da briga inicial, a admiração pra sempre. Entendi minha pequenez diante de alguém que fazia de uma simples sopa de legumes, um jantar especial.
Depois, conheci a outra fada. Eu poderia brincar, dizendo que era a fada do dente - e ela sabe o porque - mas vamos fingir que não falei nada. Pois bem, a segunda fada me ensinou sobre a delicadeza do amor. Ela fazia a mágica de transformar um docinho de padaria em uma jóia reluzente, quando colocava nele o pozinho do "eu pensei em você"; o toque no cabelo era transformado em calor que aquecia o universo inteiro dentro da gente. Os dedos na pele alcançavam o coração. Sabia que ela cheirava a lírio, mesmo que eu nunca tivesse sentido o perfume de um desses. Hoje, sei que eu estava certa. Ela cheira a lírio, mesmo, e embora saiba o perfume que ela usa, eu nunca - nunca - me atreveria a usar do mesmo cheiro. Eu não sei cheirar a lírio tão perfeitamente quanto ela e passaria uma grande vergonha.
A terceira fada é desvairada. Nesse momento, está do outro lado do oceano, vivendo um grande amor - que eu vi sendo plantado. Ela é tão, mas tão, mas tão linda, que por onde passa, ofusca até a inveja. A magia dela era parecida com a da primeira fada: também fazia de imagens simples, painéis dignos de se guardar na alma. Mas além de fazer parecer cena de filme, essa fada encantada tinha o dom de se colocar e nos puxar pra dentro da cena. Talvez a primeira também tivesse esse dom - e eu acredito que tenha - mas eu, na minha pequenez, ainda estava imatura pra deixar transformar minha realidade no ambiente mágico que ela se propunha. Voltemos à terceira fada. Ela deu ao meu filho, banho de banheira com muita, muita espuma, numa água quentinha num dia frio e cansativo. Depois, com três ou quatro velas e as luzes apagadas, nos deu de presente um lindo jantar à luz de velas. Hoje, me presenteia todos os dias com a esperança verdadeira - não aquela da espera com confiança, mas daquela do otimismo sem lógica, movido pela simples certeza da ação concreta no sentido que manda o coração.
Hoje, me disseram, sou formada fada. Será? Sei que elas existem - as fadas.
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