Eu sempre soube que era apego.
Eu só não entendia a quê.
Eu te idealizei e depois, te desconstrui.
Enxerguei seus defeitos, seus medos,
mas o apego continuava apegado a mim.
Usei da substituição.
Veio um, depois de você.
Depois, outro.
Mas você colecionava meus meses, anos!
Meditei pelo exaurimento de projeções.
Usei do eterno retorno,
Da sublimação.
Te desfiz por completo,
Te coloquei no chão, junto com o resto.
Mas de repente, você surgia na porta
E meu mundo simplemente se abria.
Até que me explicaram
Que a objeto de apego é o sofrimento
E não o outro.
A dor que você me impingia
Era tão só a dor que você sentia
E me transmitia, silencioso,
Enquanto eu segurava sua mão.
E como semelhantes que se atraem,
Afins que se complementam,
Quanto mais eu te sentia
Mais nos misturávamos
E um único olhar era capaz
De substituir o diálogo
de toda uma madrugada.
E o tempo que a gente se amava,
O tempo que nos restaria,
O tempo que já perdemos,
O tempo que a gente queria,
Eram todos relativizados
Naqueles eternos momentos finitos
Que vivíamos e viveríamos em nós.
Erro identificado, me permiti a desconexão.
Paulatinamente, com a mesma paciência
Da raposa que permitiu a aproximação.
E o sofrimento que eu sentia
Foi sendo iluminado pela minha luz
- essa, que te atraiu desde o início -
E fui me salvando de nós dois.
Hoje, estou aqui.
Te vejo aí e não dói.
Hoje estou curada.
Fique onde está
E tudo ficará bem.
Não dê nem mais um passo
em minha direção.
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