Admito.
Pra mim também não foi como esperado.
Estranhamente, nossa comunicação se perdeu no universo de cheiros, gostos, ritmos e sensações.
Éramos bons, muito bons, na arte do diálogo que fluía e concatenava idéias, interesses, objetivos. Surgiu, indubitavelmente, admiração e, com ela, vontades.
Parecíamos bons, também, um para o outro, na valsa das peles que, curiosas, se exploravam. Os sentidos, em pequenas explosões, indicavam o caminho a seguir, e seguíamos. Entregávamo-nos paulatinamente, na calma luz das certezas.
Entre vozes e suspiros, chamei seu nome. Você, porém, frenético e hipnotizado, parecia não me ouvir.
Olhei seus olhos e notei que também me chamava. Mas meus ouvidos estavam surdos aos seus apelos, ante um estrondo silencioso dentro do meu vazio universo.
Estávamos ali, juntos, mas estávamos sós, apartados. Não nos víamos, não nos ouvíamos, não nos sentíamos.
Não sei o que houve depois disso. Tudo, tudo parecia no lugar certo e na hora certa. Os toques correspondidos, os perfumes apreciados. A ponte havia sido previamente construída e estávamos ligados internamente, sob o negro céu estrelado. Todos os cuidados foram tomados. O zelo estava presente.
Desaparecemos, contudo, um para o outro, em algum momento, sem sequer nos despedirmos.
Luzes acesas, atentos, apertamo-nos, então, as mãos e o peito. Os corações batendo uníssonos, como se quisessem recuperar o que foi perdido.
Ali mesmo, formalizamos a despedida da partida que se concretizara, inoportuna, horas antes, deixando-nos órfãos do elo que se fizera subentendido.
As dúvidas pairavam. Lacuna ou loucura? Destino ou equívoco? Engano recíproco ou auto-engano? Dúvidas que se pulverizaram no cheiro denso do seu perfume.
Gabi.gmo
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