segunda-feira, 16 de abril de 2018


Me envolve a cintura e me agarra, firme.
Sinto você me sentir e morro pro mundo,
por dois segundos.
Suas mãos esquentando cada milímetro
do meu corpo, saliva e sangue.
Sinto suas mãos me sentir.
Meus pêlos, pele e sussurros
respondem em arrepios profundos.
Gritos mudos.

Seu corpo declama entre meus poros
um monólogo que assisto,
calada.
Me tira pra dançar, me toma e me leva.
Continuo a escutar sua voz,
baixinho,
Mesmo dentro de mim,
Contando histórias da mulher que sou
Pra mim mesma.

Ganho, por um segundo, certezas.
Abraçada comigo em minha própria pele,
Cega, o egoísmo me engole.
Não quero nada que não seja por mim.
É o prazer que invade e me torna
Nada mais que instinto.
Meus hormônios se multiplicam, sorrateiros,
Me transformando num mero instrumento
momentaneamente seu.

Na posse dele,
Você cheira e sente meu gosto.
Suas ganas não enganam e sei,
exatamente,
o que quer de mim.
Presa, domesticada, sinto,
só, e sinto.
E sinto você e me sinto
limitada no meu eu mais selvagem, cru.

Seus olhos, seu toque e faro,
Gritam na minha pele, nua,
Meu pódio no mundo de mulheres.
Agora – e só agora, nesse instante,
A segurança me invade.
Sou desejada, cobiçada,
Amada, sentida, afagada,
Me entrego, então.
Vencida na fuga do predador, nu.

-frô-

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