sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quero pensar muito
e que não doa a miha consciencia
E que pensando alheiamente
nao venha doer a consciencia das coisas
E nas coisas
eu nao encontre tanta dor
para minha consciencia

Gessivaldo Lino Pinto.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

VAGUEIO

Falei sobre várias coisas. Fui, na medida,
o que tinha de ser. Me dei do jeito que me dei.

Como eu me dei...

Não creio que sirva de exemplo.
Desisto.

De repente, não tinha ninguém no mundo e eu
Nem era só.


Gessivaldo Lino Pinto

sábado, 24 de outubro de 2009

Existirá num relacionamento,
um nível de saciedade tal que
se possa pensar
"já deu tudo o que tinha que dar"?

Refletindo, chegarão ambos
num consenso silencioso
de que não querer-se mais
distindo é de mal-querer?

O coração já não mais transborda
de emoção, sequer a sente entrar.
Prevalecendo apenas um gostar  amigos,
Inimigo no amar?

O que então prende esses dedos,
além do símbolo dourado carregado?
Obediência, ignorância,
covardia, passividade?

Aperfeição





A perfeição se dá no perfume não doce da rosa,
nas curvas da estrada,
na dança do vento,
na certeza da não existência de fadas.

Se dá na aperfeição do dia corrido,
da música sem ritmo da chuva,
no beijo explosivo,
na alma do dia-a-dia florido.

A perfeição é aperfeição.
Somos assim, perfeitos, por não sermos.

Se acertamos, erramos.
Se erramos, confirmamos.

Sendo, não seríamos.

Perfeitos, humanos, bichos.
Ar, corpo, sangue, espírito.
Sorriso, sopro, fogo, ferida.
Espelho, suspiros, êxtase, vida.

Gabriella M.

Dia das Mães

Giuseppe Ghiaroni

Mãe! eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
orque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a avelha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la

Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e ten encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"

Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tade agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graçs, diz:"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me tranfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!


- Nota Fulô: Menos pelo dia, mais pelos meus filhos. Amo-os. Mais, muito mais que a mim mesma. Mais, muitos mais que o resto do mundo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Somos românticos

Românticos acreditam que amor é um sentimento;
que esse sentimento é eterno;
que é forte o suficiente para sobreviver ao tempo.

Românticos acreditam que se ama um homem ou uma mulher;
que o querer-bem é eufemismo;
e que quem nunca sentiu amor, não viveu.

Românticos tem certeza que Cristo emanava gotículas de amor;
que atraia as pessoas com seu cheiro;
que envolvia cada um com seu manto denso desse sentimento.

Românticos sofrem pela perda daquilo que nunca lhes pertenceu;
almejam que se completem o que já nasce inteiro;
sonham com uma vida perfeita, esquecendo-se de viver a vida com perfeição.

Entregam flores vermelhas, que simbolizam sangue;
entregam seus corpos, que simbolizam a vida;
entregam suas vidas, que simbolizam o nada na imensidão.

Românticos sentem arrepios quando falam e pensam;
querem roubar a lua, correr como loucos;
sentem-se únicos, com o único que quer;

Românticos declamam poesias para o amado;
sentem borboletas no estômago quando se apaixonam;
sentem saudades do passado.

Românticos sentem a alma completa quando sentem amor;
sentem-se estranhos quando caem,
e mais ainda quando se notam inteiros.

Sentem-se mágicos e onipotentes;


mas persiste uma coisa que sobre eles há de se falar:



nenhum romântico nunca mostrou
o que se sente ao viver o amor.

Gabriella M.




domingo, 18 de outubro de 2009

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal,
posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes


(Sábias palavras...)
O Beijo

Se teu beijo doesse e torturasse,
transmitisse um veneno e uma doença,
inoculasse o gérmen da descrença
e destruísse a Fé que não renasce!

Se teu beijo ferisse e condenasse,
fosse um pecado, um crime e uma sentença;
se eu te beijasse e, numa angústia imensa,
fosse ficando pestilento de uma face!

Se o teu beijo deixasse uma ferida
e meus lábios sangrassem toda vida
e eu tombasse murchando sobre o pó...

Tu serias o horror de toda a gente!
Mas eu te ampararia docemente
e pediria, em troca, um beijo, um só!

Giuseppe Ghiaroni

sábado, 17 de outubro de 2009


Onde foi que me enfiei!?
Passei anos fazendo poesia da vida
planejando sonhos,
me fantasiando pra não me expor.

Molhei flores em pensamento,
respirei sol cá no meu peito,
Sai correndo feito louca, desvairada
com pressa de viver.

E de repente,
não mais que de repente (como já outrora disseram)
Chegado o momento certo,
vi que não fiz da vida, poesia.
Não vivi hoje, como eu queria,
não saboreei o cheiro das flores que outrora colhia,
fiz do avesso o anverso do que sonhei.

Sinto como se tivesse engolido uma bola de fumaça,
fumaça roxa e envenenada,
tropeçando nas palavras que vivi,
sentei no canto escuro do quarto,
falei bobagens, filosofei,

Gritei.
desisti.
sorri.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Aos pensantes, oi...!


É... hum... estou um pouquinho sem graça.. nesse primeiro post e... bem... vamos lá...
andei vendo alguns blogs por ai e no primeiro post, faz-se tipo uma descrição do que acontecerá, um resumo da personalidade de autor e blablabla... e.. bom... acho que nao vou bem seguir esse rito e...
enfim...

Que bom, a essa altura do campeonato, encontrar alguem perdido nesse mundo.. ai, que alivio, saber q nao estou só!

Estive pensando... ultimamente (tipo nos ultimos 5 anos) andei observando e... estranho como a grande maioria das pessoas nao procuram por si mesmas nessa passagem... acho tudo isso extremamente bizarro... nao consigo entender como pode alguem fazer uma viagem dessas e nao parar pra pensar (sim.. PARAR pra pensar..) em como, onde, por que!?

Se, ao final, realmente se entende que nao há pra que tantas perguntas, ainda assim valeu... valeu pensar.. pq se conclui algo.. ainda q seja uma conclusao meramente transitoria...

ah... antes de finalizar esse primeiro post.. queria deixar claro... é só um convite para pensar... aos filosofos de plantao.. bater papo atoa... façam-me pensar... me resgatem!