sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Erva

Entre tudo e entre nada,
consigo o impossível...
ando sem sair do lugar.
Fecho os olhos e enxergo tudo...
que queria e que não queria.
Abro a boca e o mundo entra em mim...
e um outro mundo sai de mim.
Engulo orgulho, saliva, raiva...
e vomito Deus, amor, água.
Penso tanto, que dói...
e por sofrimento me movo.
Milagre promovo...
mas queria tão menos...
Queria só saber o que fazer...
ou fazer o que sei que devo...
Mas sou fraca, ridícula, mimada...
não sou flor, não sou nada.
Sou erva...
e das mais bizarras!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ação, reação, inação e a ação-resposta.


Seres humanos agem e, nessa de agir, cometem erros e acertos. Cometem também atos neutros, que nenhum ou quase nenhum efeito causam – nem negativos, nem positivos.

Toda ação, seja ela positiva, negativa ou neutra, causa uma reação. A reação deverá ser proporcional e em sentido oposto ao da ação. Se ela atinge outros sentidos, deixa de ser reação, bem como se é desproporcional. Também não é necessário que a reação seja idêntica a ação, agora em sentido oposto. A esse tipo de reação dá-se o nome de vingança, ato medíocre originariamente humano – demasiado humano, que leva a lugar algum, trazendo apenas um sentimento de justiça agridoce (doce e azedo, concomitantemente).

A reação é gênero do qual a vingança é espécie. Também é espécie do gênero reação a ação-resposta, que embora aconteça em sentido oposto ao da ação, podendo ou não ser proporcional (se possível fosse sua mensuração), deixa de ser idêntica à ação. É uma reação atípica, quase originária, já que nova, e também conta como causa uma ação inicial.

Essa ação-resposta poderá, por sua vez, ser de ordem inferior, medíocre ou superior.

Quando inferior, nada mais é que uma ação diferente da reação, em resposta a esta, que visa tão somente a consecução de objetivos torpes ou fúteis. É o caso da pessoa que é traída e mata o traidor. A ação é a traição. A reação (gênero) é o homicídio, que embora tenha como motivo a ação e aconteça em direção oposta a esta, não faz com que o traído deixe de sê-lo e não melhora o traidor. Extingue-o, contudo, demonstrando sua desproporcionalidade (ou não) e ineficácia na solução da lide.

A ação medíocre é o famoso “olho por olho e dente por dente”. Também neste caso não há consequências positivas lógicas, nem tampouco potenciais consequências aproveitáveis. O agressor passa para a condição de vítima, sendo agredido pela vítima inicial, que passa a ser agressora. Esse ciclo se repete infinitamente, ou até que alguém se canse ou morra.

Antes de adentrar à ação-resposta de ordem superior, percebamos a existência da inação (ou inexistência da ação-resposta), que é o silêncio ou a omissão. Neste caso, o efeito dependerá apenas do tamanho e da sensibilidade do estômago da vítima, sendo, pois, imprevisível. Poderá ser tanto a tolerância extrema, como a resignação ou, por outro lado, a morte repentina, a corrosão interna ou mesmo a explosão como numa atividade vulcânica irremediável.

A ação-resposta de ordem superior, embora desejada, é a menos usual. Sua execução é complicada, necessitando, quase sempre, da intervenção divina. Peças raras como Jesus Cristo, Gandhi, entre outros (poucos) a souberam praticar e muitas pessoas alegam não fazê-lo por não ser Jesus, Gandhi e companhia (limitadíssima). Contudo, o que não se deve olvidar é que todos esses, incluindo nosso admiradíssimo irmão cristo, pediu ajuda divina para conseguir executar a ação-resposta superior. Assim, lembrando que a repetição nos faz caminhar rumo à perfeição, nada mais natural que tentemos, ação após ação, a consecução desse melhoramento pessoal.

Mas o que seria, então, a ação-resposta superior?

É a reação, em sentido oposto à ação, normalmente desproporcional, diferente da ação, que constrange intimamento o agressor ao ponto de dar-lhe oportunidade de crescimento. Os efeitos não são vistos necessariamente a curto prazo, porém são certos. Acontece quando o agredido perdoa seu agressor e segura-lhe a mão ao cair, ao invés de empurrá-lo. É a prática da paciência com a criança (de qualquer idade), jamais a abandonando física, moral e espiritualmente. É a caridade, o amor gratuito e o aprender a tornar-se inatingível pelos defeitos alheios (ou pelas faíscas dos defeitos alheios). Com a prática da ação-resposta positiva, criamos pessoas melhores dentro e fora de nós.
 
(frô)

sábado, 26 de novembro de 2011

Hoje estou cansada...
cansada da vida, cansada de mim, cansada de alma.

Hoje estou cansada...
cansada de nada fazer sentido, de molhar meu lençol com lágrimas, de sentir meu peito sangrando.

Cansada de perguntar e não obter respostas, de ser chamada de louca, de ser idiota...

Hoje estou cansada de não ter motivo pra estar cansada... porque dizem que motivo só é motivo
quando não é do coração.

Hoje estou muito, muito cansada. Queria falecer no banco da praça e deixar meu corpo sentindo o frio da madrugada. Aliás, é só por isso que não faleço... porque quando virem meus restos lá, vão correr para limpar... e vão continuar dizendo que tristeza não mata.

sábado, 15 de outubro de 2011



Amo-te em mim,
mas em silêncio.
Se falo, se sou,
Me maltrato.
Fico, então, quieta.
Não concordo,
Mas acato.
Não finjo,
Mas também não sou.
Falo sem dizer,
Caminho – com pés,
Não com asas,
(essas, tu não enxergarias.
E enxergando, não entenderias.
E não satisfeito, me perguntarias.
E sem resposta, eu me desfaria.)
Mas continuo,
Caminho, vou.
Resignada, enfim.
Amo-te
Ainda assim.

(frô)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011


Odeio amar porque se amo, sou obrigada a admitir minha pequenez de quem nada sabe.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Odeio ser só
nesse mundo
(pseudo) coletivo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011




Ultimamente, tenho tido vontade de escrever em prosa... porquê em prosa, parece que, realmente, pretendo transmitir algo... parece que, realmente, quero falar para ser ouvida.

Não que eu não o fizesse, ao escolher pelos versos... mas é que se os escolho, parece que transpiro um suor que fala calado. É um grito mudo que não faz questão de dizer absolutamente nada; ele apenas existe e existir lhe basta.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011



(http://deviantart.com)

Escolhi acreditar em mim mesma. Depois de anos vivendo e aprendendo, tenho a impressão de que nada aprendi. Sou dona da verdade, da minha verdade, da minha razão. E por pensar, existo, mesmo que sem sentir. E essa minha verdade prevalece. Penso, logo existo. E se sinto, logo sofro. Então, penso sem sentir.  

terça-feira, 30 de agosto de 2011




Me aguarda,
Mais uma escolha.
Me cansa,
Morrer e ressuscitar.
Melhor acontecerem,
As coisas,
Sem escolha.
Óh, céus!
Decisões,
De cisões,
Me guarda!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Justificando-me: ELE!!!

Após um looooongo sumiço, explico abaixo o motivo...  e me adianto a pedir desculpas por ser o poema tão extenso... mas tinha que ser... 
Agora, sou mãe de três belos meninos! E por isso mesmo, não sei quando irei postar novamente, mas tentarei estar presente!




Ele
Um e um são um fora do outro.
E ele vai tomando minha vida de um jeito tão gratuito,
Tão doado, tão dado,
Que minha vida se torna vida dele, nele, por ele.

E mais um, esse que surge quase do nada,
Me dá e me devora,
Me cansa e me cala,
Me enterra e me anuvia.

E enquanto mostro o mundo para ele,
Ele me mostra os efeitos do mundo nele.
A mim, resta rir e chorar, aprender e apreender.
Dormir, acordar, enxergar, agir, amar.

E depois de dado o que eu achava que era
o restinho de mim, vem…
mais vida!
Ainda um restinho de vida que multiplica e de resto não tem nada!

E lhe dou… tempo, suor, lágrima, leite, pele e penso,
Percebo que já dei tanto disso…
Percebo que ainda tenho tanto disso para dar…
Percebo que ainda assim, continuo lhes dando (minha) vida.

Faço regime sem precisar
para que eles possam repetir as porções no almoço.
Tenho insônia de olhos pesados
Para que eles cresçam também pela noite.
Aprendi a gostar de verduras e hortaliças
Porquê comer colorido faz bem para a saúde.
Não vejo novelas ou filmes adultos
Porque bom mesmo é desenho animado.
Nunca tive medo de baratas, mas agora,
nem morcego, lobisomem, nem cuca me assusta!
Sou mestre em me recuperar de doenças,
Cirurgias, depressões e tempestades
Para que esteja preparada para ampará-los
Se acaso caírem (da cama, da escada, da árvore, do céu).
 
E o melhor de tudo: me tornei feiticeira!
Transformo minhas lágrimas, minha fadiga e meu pior
em riso.
Transformo meu beijo e meu sopro no melhor e mais eficaz
Remédio, calmante, cicatrizante do corpo
e da alma.
Cheguei ao ápice de meu poder de síntese ao realizar minha
Oração: Senhor, os guarde.

E minha vida…
Vai deixando de ser minha vida…
E minha vida…
Vira coadjuvante na minha própria vida…
Que tem meros três protagonistas
(e mais um coadjuvante)…
Mesmo sabendo que um dia, não terei protagonistas,
porque cada um será ator em sua própria vida...

E eu…
quê me resta?
E eu...
simplesmente...
Amo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Receita de desfazimento


Junte um punhado de sol,
Duas colheres de promessas,
Um tanto bom de confiança e reserve.

Misture uma xícara inteira de sonho
Com duas de suspiro e uma pitada de ciúmes.
Bata bem.

Já numa vasilha,
Acrescente uma gota de saliva,
Uma de suor e outra de sangue.

Deixe a mistura descansar à luz de um sorriso
E exposta a ansiedade
Por meia hora durante sete dias.

Pegue tudo, coloque no forno pré-aquecido
Em temperatura alta.
Deixe até queimar.

Deixe virar carvão e,
depois,
Pó.

Jogue no lixo.

Repita a operação sempre que vir
Todos esses ingredientes
Juntos.

domingo, 8 de maio de 2011

Receita de mãe (Célio Pedreira)

Pegue paciência
afeto e arco-íris
uma pitada de maria
misture vigília
porções de só
e miolo de alma a gosto.
Unte com luar
e leve ao nascente
em fogo brando
deixe amanhecer
todo dia.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

ontem mesmo eu tomei uma decisão...
vou aprender a desamar...!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Se penso,
me perco nos devaneios das veredas de minh´alma,
me alarmo no caos de meus pensamentos
e me desfaleço nos confins de meus sentimentos.

Grito ao mundo para parar,
mas ele não pára.
Então, páro eu
e meu pensamento se estagna.

Morro, vivendo o dia-a-dia
pedindo a Deus,
que enquanto pensante duvidava,
que nunca mais eu pense,
 
que morra.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Nao quero ser a pessoa certa na hora certa. 
Quero ser a pessoa certa na hora errada, ou a pessoa errada na hora certa.

Ser a pessoa certa, na hora certa, é insensato, ridículo, errado.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Quintana...
















Uma pequena coletânea...

PROJETO DE PREFÁCIO
Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras. 

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

O SILÊNCIO
Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio... 

CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos. 

POEMA
Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos... 

O TRÁGICO DILEMA
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro. 

BILHETE
Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,

.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.

OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti... 

O amor é quando a gente mora um no outro.

SIMULTANEIDADE
- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta. 

Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!  


******************* e pra finalizar, este que ouvi tantas vezes os ultimos dias, por uma amiga recém-reconhecida: 

POEMINHO DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

(isso tudo e mais, muito mais em: http://www.fabiorocha.com.br/mario.htm)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Casamento

Adélia Prado


Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva

(*) dedico esta poesia a alguém que tem feito parte de minha vida já há alguns meses...
A escrivã na cozinha
Adélia Prado


Só Deus pode dar nome à obra completa
— de nossa vida, explico — mas sugiro
Ao meio-dia, um rosal,
implica sol, calor, desejo de esponsais,
a mãe aflita com a festa,
pai orgulhoso de entregar sua filha
a moço tão escovado.
Nome é tão importante
quanto o jeito correto de se apresentar a entrevistas.
Melhor de barba feita e olho vivo,
ainda que por dentro
tenha a alma barbada e olhos de sono.
Sonhei com um forno desperdiçando calor,
eu querendo aproveitá-lo para torrar amendoim
e um pau roliço em brasa.
Explodiria se me obrigassem a caminhar por ele.
Ninguém me tortura, pois desmaio antes.
A beleza transfixa,
as palavras cansam porque não alcançam,
e preciso de muitas para dizer uma só.
Tão grande meu orgulho, parece mais
o de um ser divino em formação.
Neurônios não explicam nada.
Psicólogos só acertam se me ordenam:
Avia-te para sofrer — conselho pra distraídos—,
cristãos já sabem ao nascer
que este vale é de lágrimas.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011




Alguém me explica!?

Os maiores de todos os paradoxos dentro de mim:

Quanto mais amor, mais morte.

Quanto mais vida, mais vontade de fim.

(frô)