quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ação, reação, inação e a ação-resposta.


Seres humanos agem e, nessa de agir, cometem erros e acertos. Cometem também atos neutros, que nenhum ou quase nenhum efeito causam – nem negativos, nem positivos.

Toda ação, seja ela positiva, negativa ou neutra, causa uma reação. A reação deverá ser proporcional e em sentido oposto ao da ação. Se ela atinge outros sentidos, deixa de ser reação, bem como se é desproporcional. Também não é necessário que a reação seja idêntica a ação, agora em sentido oposto. A esse tipo de reação dá-se o nome de vingança, ato medíocre originariamente humano – demasiado humano, que leva a lugar algum, trazendo apenas um sentimento de justiça agridoce (doce e azedo, concomitantemente).

A reação é gênero do qual a vingança é espécie. Também é espécie do gênero reação a ação-resposta, que embora aconteça em sentido oposto ao da ação, podendo ou não ser proporcional (se possível fosse sua mensuração), deixa de ser idêntica à ação. É uma reação atípica, quase originária, já que nova, e também conta como causa uma ação inicial.

Essa ação-resposta poderá, por sua vez, ser de ordem inferior, medíocre ou superior.

Quando inferior, nada mais é que uma ação diferente da reação, em resposta a esta, que visa tão somente a consecução de objetivos torpes ou fúteis. É o caso da pessoa que é traída e mata o traidor. A ação é a traição. A reação (gênero) é o homicídio, que embora tenha como motivo a ação e aconteça em direção oposta a esta, não faz com que o traído deixe de sê-lo e não melhora o traidor. Extingue-o, contudo, demonstrando sua desproporcionalidade (ou não) e ineficácia na solução da lide.

A ação medíocre é o famoso “olho por olho e dente por dente”. Também neste caso não há consequências positivas lógicas, nem tampouco potenciais consequências aproveitáveis. O agressor passa para a condição de vítima, sendo agredido pela vítima inicial, que passa a ser agressora. Esse ciclo se repete infinitamente, ou até que alguém se canse ou morra.

Antes de adentrar à ação-resposta de ordem superior, percebamos a existência da inação (ou inexistência da ação-resposta), que é o silêncio ou a omissão. Neste caso, o efeito dependerá apenas do tamanho e da sensibilidade do estômago da vítima, sendo, pois, imprevisível. Poderá ser tanto a tolerância extrema, como a resignação ou, por outro lado, a morte repentina, a corrosão interna ou mesmo a explosão como numa atividade vulcânica irremediável.

A ação-resposta de ordem superior, embora desejada, é a menos usual. Sua execução é complicada, necessitando, quase sempre, da intervenção divina. Peças raras como Jesus Cristo, Gandhi, entre outros (poucos) a souberam praticar e muitas pessoas alegam não fazê-lo por não ser Jesus, Gandhi e companhia (limitadíssima). Contudo, o que não se deve olvidar é que todos esses, incluindo nosso admiradíssimo irmão cristo, pediu ajuda divina para conseguir executar a ação-resposta superior. Assim, lembrando que a repetição nos faz caminhar rumo à perfeição, nada mais natural que tentemos, ação após ação, a consecução desse melhoramento pessoal.

Mas o que seria, então, a ação-resposta superior?

É a reação, em sentido oposto à ação, normalmente desproporcional, diferente da ação, que constrange intimamento o agressor ao ponto de dar-lhe oportunidade de crescimento. Os efeitos não são vistos necessariamente a curto prazo, porém são certos. Acontece quando o agredido perdoa seu agressor e segura-lhe a mão ao cair, ao invés de empurrá-lo. É a prática da paciência com a criança (de qualquer idade), jamais a abandonando física, moral e espiritualmente. É a caridade, o amor gratuito e o aprender a tornar-se inatingível pelos defeitos alheios (ou pelas faíscas dos defeitos alheios). Com a prática da ação-resposta positiva, criamos pessoas melhores dentro e fora de nós.
 
(frô)

Um comentário:

  1. Dentro e fora de nós há mundo inteiros, e esses, sobrem ações e reações de nossos atos. Cabe a nós saber o que provocamos.

    Inteligentíssimo texto.

    Beijos linda

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