terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Planalto





Planos.. altos..
Planos nascituros nada planos,
planando no céu seco,
como pessoas ocupadas, solitárias,
que respiram desse ar.

Agarrados pelos transeuntes aglomerados,
Pelos estrangeiros passageiros, errantes,
Os planos agora aconchegantes, nada planos,
mais pra morros envolventes e românticos,
montanhas doces, meigas e falantes.

E nos planos, nas idéias aladas,
Os corações são desarmados pela igualdade
- Intrínseca que nos inflige a natureza,
E rara, que nos aflige a alma, desnuda e delicada -
E queima ao sol quente da verdade.

Embora nuas, as almas se entendem e se entregam
Ao encontro do amparo e do cuidado,
de Marias, de Josés e de Joãos,
Pessoas quaisquer, nesse mundo desvairado
Que se encontram numa breve e eterna amizade.

E um dia...
Um dia depois de muito sol,
Muita água, muito mar e muito sal,
Os planos altos passando longe dos planaltos,
A gente mata, se mata e solta com vontade
um sonoro “foda-se” a essa saudade!












terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Românticos - Vander Lee

Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão

E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!
Como eu!

*by fulô: antítese do meu "Românticos" publicado noutra oportunidade... o cara nécokéwm nãaao!

Releitura

Relendo as linhas...

Relendo poemas...
Relendo a vida...

Que susto levei!
Pai de bondade!
Fui traída!


Sonhos entulhei.
As letras da alma,
Engarrafei num vidrinho marrom,
Que larguei nas águas
do Rio Tocantins.



E lá, boiou, boiou e, depois, afundou!



Graças a Deus – e Ele é misericordioso –
Meus pequenos heróis no rio escuro se enfiaram,
Um com uma lanterna e o outro, com garras de brinquedo,
O resgataram e me entregaram
Como se fosse o tesouro mais maravilhoso,
Raro e valioso!

E era.

Sorri um sorriso molhado, sem jeito, calado.
Meus olhos se afundavam,
E a boca encharcava num beijo doce de mãe,
Que ainda que na mais singela desesperança,
Ainda que na falida rotina,
Ainda que no amargo sol que queima dessa Terra,

É amor.

Abro a garrafa com cuidado.
A pressão lá dentro é perigosa.
A tampa voa, atingindo uma arara branca e rosa
que voava sobre o céu lá de casa,
que rapidamente se silencia,
que vai crescendo conforme vai chegando,
que nem sente a fria hemorragia,
Que cai desacordada.

Sou eu.

Ao lado da garrafa já aberta,
As letras da minh'alma se entreolham.
Pairam no ar e começam a se flertar,
Me colocam no malicioso jogo da sedução
E como já prevendo que eu estaria hipnotizada,
Se sublimam, me encantam!
E como um projétil me acertam aqui.

Bem aqui.

E eu, pela queda desacordada,
E eu, pela dor anestesiada,
E eu, por Deus e pelos meus três heróis,
completamente
libertada.