sexta-feira, 26 de julho de 2013


Ouço falar que o tempo é remédio
Mas percebo que tempo é veneno também.
Ouço dizer que ele faz esquecer
Mas sei que ele também faz lembrar.
Ouço dizer que ele é vento que leva
Mas a verdade é que é ele também o vento que traz.

Ele traz o amanhã, como dizem
Mas traz também o ontem que (nunca) foi.
E nesse ontem trazido pro hoje
Indagações sem sombras de dúvidas
Refazem os planos por trazer neles
Antigos sujeitos - morridos...
... repentinamente ressuscitados...
Inusitados...
...quase estranhos conhecidos...
Estranhamente queridos.

Queridos, queridos, queridos demais.
Queridos, mesmo, assim, de querer...
De querer comer pra dentro de si,
De co-viver, por almas ligados,
sem juntos viver.
E voltam porque sempre evitamos,
deliberadamente,
O que parecia óbvio demais,
De tão perfeito que daria tudo errado.

E agora, sem saber o que fazer,
Ligo pro tempo e peço pra ele
“vem, meu amigo...
Vem e leva toda essa besteira...”

(frô)