quarta-feira, 29 de abril de 2015

Quero você... você...


Quero você, que me olha como se olhasse para o grande amor de sua vida, embora nós dois saibamos que sou apenas um deles. 

Você, a quem meu corpo reage sempre como uma menina hesitante, ao mesmo tempo em que se faz mulher, muito mais que qualquer outra. 

Esse homem cuja voz me faz eriçar os pelos, abrir os poros e borbulhar o coração, sempre que encosta no meu pescoço e sussurra qualquer besteira cuja hipótese de ser verdade excita proporcionalmente à medida que se mostra mais remota.


Quero você a quem eu possa dizer "hoje, eu te amo", sem medo, porque naquele hoje você me permitirá te amar. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015


domingo, 26 de abril de 2015

Um pouco do dilema: Mãe... solteira... de três... meninos!


Mãe... solteira... de três... meninos!

Sempre que falo isso, percebo olhos arregalados e um suspiro que parece misturar preocupação, susto, admiração, pena e alívio (por ser eu quem declara, e não quem escuta).

Dou um sorriso forçado. Me preparo pra responder algo como “é, é barra mesmo!” aos comentários que SEMPRE surgem, como “não deve ser fácil!”, “como você dá conta?” ou, simplesmente, “Meu Deus!”.

Nos segundos que se seguem quase sempre tenho os mesmos pensamentos. Sustento o sorriso e por um curtíssimo espaço de tempo penso em tanta coisa... tanta!

Ante meus lábios forçosamente abertos, logo sou flechada por sorrisos cúmplices que beiram a compaixão. Como se soubessem o que é ser mãe-solteira-de-três-homenzinhos.

O que primeiro penso é “nossos lamentosos sorrisos são por motivos diversos... certeza!”
E são, mesmo!

Num primeiro momento, pensam-se nos gritos, lutinhas, alcalinidade das pilhas, preço do restaurante, pinturas rupestres, televisores monopolizados por videogame, homem-aranha, super-man, vasos quebrados, pias quebradas, cadeiras quebradas, mesas quebradas, sofás quebrados, pernas quebradas e tudo o mais que envolva violência e agressividade tipicamente masculinas.

Mas meu suspiro vai um pouco além. Isso mesmo: ALÉM – quer dizer que ninguém se engana, mas não é só isso! Quer dizer que tem tudo isso e mais um pouco!

Pra essa primeira parte (antes do além), sou recompensada por beijos sinceros de super-heróis que, no final do dia, salvam-me de todo e qualquer desastre, ainda que o tal desastre tenha sido iniciado exclusivamente por eles mesmos!

Já quanto à segunda parte (depois do além; é o além propriamente dito, inimaginável se não descrito, e-olhe-lá!), o que curva meus ombros é algo que eu, mulher sozinha, não consigo dar jeito. É que...

... É que eu só faço xixi e cocô. Eu não brinco de luta e nunca fui boa em videogame. Eu não tenho um pênis. Não peido. Meu coração é feito de alguma matéria extra-sensível e dói toda vez que vejo um dos meninos sobre qualquer coisa a mais de um metro do chão.

E porque só tem eu, com meu coração – pele, carne, cérebro, rotina, hormônios, etc. – de mulher e, do outro lado, o mundo – violências, injustiças, dores, suores, etc. – então me esforço para proporcionar a eles um pouco do que precisam, mesmo que eu não tenha nem um pouquinho desse pouco.

É quando tiro sabe-se-lá-de-onde, palavras como “Levanta! Você é forte!” quando caem e vejo o sangue escorrendo no joelho e meu filho segurando o choro. É quando vamos sair de casa e eu pergunto, exercendo sobre mim mesma uma força descomunal, se alguém quer “mijar” ou “cagar”. É quando vejo ele reclamando que lavar o... pinto – não piu-piu nem pirulito – arde e eu digo que tem que lavar direitinho mesmo ardendo, sem ter a mínima ideia do quanto isso deve incomodar. 

É quando um deles solta um “pum” dentro do carro e tenho que constrange-lo, rindo e brincando, pelo “peido” (não “pum”) que soltou, quando meu papel, sinto, seria confortá-lo ante os comentários do pai, explicando que “soltar pum é normal, que todo mundo solta e blá-blá-blá.” Mas no mundo em que vivemos, tenho que optar ser o carrasco, porque melhor eles aprenderem a lidar com o constrangimento promovido entre família dentro do carro por um pum, do que ter que se ver sem proteção pela primeira vez ante a maldade do mundo.

Só Deus sabe o quanto caminho contra minha natureza ao vê-los num brinquedo no parquinho, lá no alto, e dizer com a maior dureza que consigo  “Vai lá que você consegue!”. Sorriso estampado, quando na verdade, minha vontade era dizer “Desce dai, pelamordedeus!”. Nesse momento, provavelmente já analisei o material do brinquedo, o chão, a distância da localização da criança ao meu carro e o caminho mais curto até o hospital mais próximo. Além, claro, de já ter decidido o que fazer com os outros dois, enquanto isso.

Mas só pra terminar esse “desabafo”, preciso dizer que eles – os três, percebem minha dificuldade e me dizem todos os dias que sou linda e que me amam. Não me dizem que vão cagar ou mijar (embora o digam fora de casa), mas falam somente que precisam usar o banheiro (acho que a natureza masculina deles se constrange em dizer que vão fazer xixi ou cocô. Posso ver nos olhos deles que esperam minha aprovação pela escolha adequada das palavras). E também já os vi não subindo no tal brinquedo alto do parquinho, só pra pouparem meu coração.


Eis as partes que me fazem sorrir e orar, por ser mãe-solteira-de-menino. O fato de serem três só reforça a certeza de que Deus confia em mim! 

(frô)

ps.: Em tempo.. somos todos saudáveis e lindos, embora na foto não pareçamos.