sexta-feira, 3 de maio de 2019

É que sempre que acaba, a gente esquece. A gente esquece de detalhes que a gente jurava que ia guardar pra sempre. Mas eu, nem dos olhos daquele homem que me prometeu o céu, não me lembro mais. Quiçá me lembre do assunto d'alguma conversa gostosa na beira da piscina, olhando pra lua. Mas de resto, lembro não. Não me lembro do gosto da boca dele, nem das sensações que eu tinha quando ele me apertava contra o peito. Apertava, né?

O que importa, na verdade, é que hoje eu te registro porque não quero me esquecer, nunca nunquinha! Daqui a dez anos, vou me lembrar daquele amor que não deu tão certo como eu queria, mas minha memória já estará fria. Daí, vou voltar aqui e vou reler essas palavras, nos anais da minha alma, e te eternizarei em minhas lembranças.

Começo, então, a falar do seu cheiro - cheiro de testosterona, homem com agá maiúsculo, mas tão sensível que se esconde por trás de meio mundo de regras, pra não se estrepar. Falo do dia em que o álcool dissolveu metade dessa armadura e eu enxerguei seus olhos. Eu não te contei, no dia, mas vou te dizer, assim, baixinho: tinham estrelas ali dentro. Muitas!

Quero falar também da sua mão segurando a minha, nos momentos de prazer. E nos momentos de quietude, enquanto você dirigia, num carinho silencioso de quem quer bem.

Vou te falar dos seus olhos que gritavam meu nome, olhando lá de cima. Você, talvez não saiba, mas eles me diziam que você me queria, de verdade. E era por isso, só por isso, que eu ainda estava ali.

Por fim, vou te contar da sua boca, que me cantava enquanto longe e mais ainda enquanto perto. Sua boca desenhada, que me enchia de volúpia insana. Ela falava e eu me abria. Ela calava e eu me entregava. Ela se contorcia e eu me desintegrava. Boca que mandava e eu obedecia. Que canto lindo ela cantava!

Pois bem, registros feitos.

Ponto final.

@todaflortocantins