terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Planalto





Planos.. altos..
Planos nascituros nada planos,
planando no céu seco,
como pessoas ocupadas, solitárias,
que respiram desse ar.

Agarrados pelos transeuntes aglomerados,
Pelos estrangeiros passageiros, errantes,
Os planos agora aconchegantes, nada planos,
mais pra morros envolventes e românticos,
montanhas doces, meigas e falantes.

E nos planos, nas idéias aladas,
Os corações são desarmados pela igualdade
- Intrínseca que nos inflige a natureza,
E rara, que nos aflige a alma, desnuda e delicada -
E queima ao sol quente da verdade.

Embora nuas, as almas se entendem e se entregam
Ao encontro do amparo e do cuidado,
de Marias, de Josés e de Joãos,
Pessoas quaisquer, nesse mundo desvairado
Que se encontram numa breve e eterna amizade.

E um dia...
Um dia depois de muito sol,
Muita água, muito mar e muito sal,
Os planos altos passando longe dos planaltos,
A gente mata, se mata e solta com vontade
um sonoro “foda-se” a essa saudade!












terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Românticos - Vander Lee

Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão

E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!
Como eu!

*by fulô: antítese do meu "Românticos" publicado noutra oportunidade... o cara nécokéwm nãaao!

Releitura

Relendo as linhas...

Relendo poemas...
Relendo a vida...

Que susto levei!
Pai de bondade!
Fui traída!


Sonhos entulhei.
As letras da alma,
Engarrafei num vidrinho marrom,
Que larguei nas águas
do Rio Tocantins.



E lá, boiou, boiou e, depois, afundou!



Graças a Deus – e Ele é misericordioso –
Meus pequenos heróis no rio escuro se enfiaram,
Um com uma lanterna e o outro, com garras de brinquedo,
O resgataram e me entregaram
Como se fosse o tesouro mais maravilhoso,
Raro e valioso!

E era.

Sorri um sorriso molhado, sem jeito, calado.
Meus olhos se afundavam,
E a boca encharcava num beijo doce de mãe,
Que ainda que na mais singela desesperança,
Ainda que na falida rotina,
Ainda que no amargo sol que queima dessa Terra,

É amor.

Abro a garrafa com cuidado.
A pressão lá dentro é perigosa.
A tampa voa, atingindo uma arara branca e rosa
que voava sobre o céu lá de casa,
que rapidamente se silencia,
que vai crescendo conforme vai chegando,
que nem sente a fria hemorragia,
Que cai desacordada.

Sou eu.

Ao lado da garrafa já aberta,
As letras da minh'alma se entreolham.
Pairam no ar e começam a se flertar,
Me colocam no malicioso jogo da sedução
E como já prevendo que eu estaria hipnotizada,
Se sublimam, me encantam!
E como um projétil me acertam aqui.

Bem aqui.

E eu, pela queda desacordada,
E eu, pela dor anestesiada,
E eu, por Deus e pelos meus três heróis,
completamente
libertada.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Simples assim











Nao importa o que penso
nao importa o que sinto.
Quero
e faço.
Quero
e vivo.

Sinto.
Penso.
me perco.
me aborreço.

Esqueço.
Desejo.
vivo.
intenso.


Gabriella M.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

UFFA!

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim.
Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
-Ah,terminei o namoro...
-Nossa, estavam juntos há tanto tempo.....
-Cinco anos...que pena...acabou....
-é...não deu certo...

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes voce não consegue nem dar cem por cento de voce para voce mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.
Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.
Perceba qual o aspecto mais importante para voce e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate...se joga...se não bate...mais um Martini, por favor...e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não brigue, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar.... ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. 
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?
O legal é alguém que está com você, só por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por pena.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Muitas vezes voce vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração.....
Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.
E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse....
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
E nem todo sexo bom é para descartar... Ou se apaixonar... Ou se culpar...
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ?????


Arnaldo Jabor


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Espere!



Nao, nao chegues agora.
Não, agora não é hora.

Espere mais.

Preciso de tempo pra me preparar
e não cometer os mesmos erros do passado.

Deixe-me antes,
recuperar meu eu poeta,

Meu eu de sonhos grita,
Se esvaiu meu eu amante.

Fale baixo;
vão te encontrar!

Ainda não consigo
cuidar de ti, zelar.

Não queiras me ver sem ar
não queiras me ver nua.

Deixe-me reencontrar
minh´alma perdida entre tantos

E só depois,
bem depois,
encontrar a tua.

Gabriella M.

Receita de mulher

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos então
Nem se fala, que olhe com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável.
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce
relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!).
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser frescas nas mãos, nos braços, no dorso, e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37 graus centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher de sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação imunerável.



Vinícius de Moraes

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

ps. by fulô: Bendita seja a eternidade!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009



"Então, pequena Amélie, os teus ossos não são feitos de vidro. Podes levar algumas pancadas da vida. Se deixares escapar esta oportunidade, eventualmente o teu coração vai ficar tão seco e quebradiço como o meu esqueleto. Então, vai apanhá-lo!"

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Soneto de Criação

Deus te fez numa fôrma pequenina
De uma argila bem doce e bem morena
Deu-te uns olhos minúsculos de china
Que parecem ter sempre um olhar de pena.

Banhou-te o corpo numa fonte fina
Entre os rubores de uma aurora amena
E por criar-te assim, leve e pequena
Soprou-te uma alma calma, cálida e divina.

Tão formosa te fez, tão soberana
Que dar-te aos anjos por irmã queria
Mas ao plasmar-te a carne predileta

Deus, comovido, te criara humana
E para tua justa moradia
Atirou-te nos braços do poeta.

Vinicius de Moraes

By fulô: que delicia!

Soneto da Hora Final

Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente,
O beijo leve de uma aragem fria.

Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de trevas, aberta em frente.

Ao transpor as fronteiras do segredo
Eu, calmo, te direi: - Não tenhas medo
E tu, tranqüila, me dirás: - Sê forte.

E como dois antigos namorados
Noturnamente tristes e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte.

Vinicius de Moraes

ps.: Um sonho íntimo...?

Para Viver Um Grande Amor

Vinicius de Moraes


Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Soneto XVII

Sonnet XVII

I do not love you as if you were salt-rose, or topaz,
or the arrow of carnations the fire shoots off.
I love you as certain dark things are to be loved,
in secret, between the shadow and the soul.

I love you as the plant that never blooms
but carries in itself the light of hidden flowers;
thanks to your love a certain solid fragrance,
risen from the earth, lives darkly in my body.

I love you without knowing how, or when, or from where.
I love you straightforwardly, without complexities or pride;
so I love you because I know no other way

than this: where I does not exist, nor you,
so close that your hand on my chest is my hand,
so close that your eyes close as I fall asleep.

Soneto XVII

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

Ariana, a mulher

"Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia de montanha em tomo
O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o outro instante
Ante o meu olhar absorto o relógio avançou e foi como se eu tivesse me identificado a ele e estivesse batendo soturnamente a meia noite
E na ordem de horror que o silêncio fazia pulsar como um coração dentro do ar despojado senti que a Natureza tinha entrado invisivelmente através das paredes e se plantara aos meus olhos em toda a sua fixidez noturna
E que eu estava no meio dela e à minha volta havia árvores dormindo e flores desacordadas pela treva.
Como que a solidão traz a presença invisível de um cadáver? e para mim era como se a Natureza estivesse morta
Eu aspirava a sua respiração ácida e sua deglutição monstruosa mas para mim era corno se ela estivesse morta
Paralisada e fria, imensamente erguida em sua sombra imóvel para o céu alto e sem lua
E nenhum grito, nenhum sussurro de água nos rios correndo, nenhum eco nas quebradas ermas
Nenhum desespero nas lianas pendidas, nenhuma fome no muco aflorado das plantas carnívoras
Nenhuma voz, nenhum apelo da terra, nenhuma lamentação de folhas, nada.
Em vão eu atirava os braços para as orquídeas
insensíveis junto aos lírios inermes como velhos
falos Inutilmente corria cego por entre os troncos
cujas . parasitas eram como a miséria da vaidade
senil dos homens
Nada se movia como se o medo tivesse matado em mim a mocidade e gelado o sangue capaz de acordá-los
E já o suor corria do meu corpo e as lágrimas dos meus olhos ao contato dos cactos esbarrados na alucinação da fuga E a loucura dos pés parecia galgar lentamente os membros em busca do pensamento
Quando caí no ventre quente de uma campina de vegetação úmida e sobre a qual afundei minha carne.
Foi então que eu compreendi que só em mim havia morte e que tudo estava profundamente vivo
Só então vi as folhas caindo, os rios correndo, os troncos pulsando, as flores se erguendo
E ouvi os gemidos dos galhos tremendo, dos gineceus se abrindo, das borboletas noivas se finando
E tão grande foi a minha dor que angustiosamente abracei a terra como se quisesse fecundá-la
Mas ela me lançou fora como se não houvesse força em mim e como se ela não me desejasse
E eu me vi só, nu e só, e era como se a traição me envelhecido eras
Tristemente me brotou da alma o branco nome da Amada e eu murmurei
- Ariana!
E sem pensar caminhei trôpego como a visão do Tempo e murmurava
- Ariana!
E tudo em mim buscava Ariana e não havia em nenhuma parte
Mas se Ariana era a floresta, por que não havia de ser Ariana a terra?
Se Ariana era a morte, por que não havia de ser Ariana a vida?
Por quê? - se tudo era Ariana e só Ariana havia e nada fora de Ariana?
Baixei à terra de joelhos e a boca colada ao seu seio disse muito docemente
- Sou eu, Ariana...
Mas eis que um grande pássaro azul desce e canta aos meus ouvidos
- Eu sou Ariana!
E em todo o céu ficou vibrando como um hino o muito. amado nome de Ariana.
Desesperado me ergui e bradei: Quem és que te devo procurar em toda a parte e estás em cada uma?
Espírito, carne, vida, sofrimento, serenidade, morte, por que não serias uma?
Por que me persegues e me foges e por que me cegas se me dás uma luz e restas longe?
Mas nada me respondeu e eu prossegui na minha peregrinação através da campina E dizia: Sei que tudo é infinito! e o pio das aves me trazia o grito dos sertões desaparecidos
E as pedras do caminho me traziam os abismos e a terra seca a sede nas fontes.
No entanto, era como se eu fosse a alimária de um anjo que me chicoteava
- Ariana!
E eu caminhava cheio do castigo e em busca do martírio de Ariana
A branca Amada salva das águas e a quem fora prometido o trono do mundo.
E eis que galgando um monte surgiram luzes e após janelas iluminadas e após cabanas iluminadas E após ruas iluminadas e após lugarejos iluminados como fogos no mato noturno
E grandes redes de pescar secavam às portas e se ouvia o bater das forjas.
E perguntei: Pescadores, onde está Ariana?
- e eles me mostravam o peixe
Ferreiros, onde está Ariana?
- e eles me mostravam o fogo
Mulheres, onde está Ariana?
- e elas me mostravam o sexo.
Mas logo se ouviam gritos e danças, e gaitas tocavam e guizos batiam
Eu caminhava, e aos poucos o ruído ia se alongando à medida que eu penetrava na savana
No entanto, era como se o canto que me chegava entoasse
- Ariana!
pensei: Talvez eu encontre Ariana na Cidade de ouro - por que não seria Ariana a mulher perdida?
Por que não seria Ariana a moeda em que o obreiro gravou a efígie de César?
Por que não seria Ariana a mercadoria do Templo ou a púrpura bordada do altar do Templo?
E mergulhei nos subterrâneos e nas torres da Cidade de ouro mas não encontrei Ariana
Às vezes indagava - e um poderoso fariseu me disse irado:
- Cão de Deus, tu és Ariana!
E talvez porque eu fosse realmente o Cão de Deus não compreendi a palavra do homem rico
Mas Ariana não era a mulher, nem a moeda, nem a mercadoria, nem a púrpura
E eu disse comigo: Em todo lugar menos que aqui estará Ariana
E compreendi que só onde cabia Deus cabia Ariana.
Então cantei: Ariana, chicote de Deus castigando Ariana!
E disse muitas palavras inexistentes
E imitei a voz dos pássaros e espezinhei sobre a urtiga mas não espezinhei sobre a cicuta santa
Era como se um raio tivesse me ferido e corresse desatinado dentro de minhas entranhas
As mãos em concha, no alto dos morros ou nos vales eu gritava
- Ariana!
Ariana, a mulher - a mãe, a filha, a esposa, a noiva, a bem amada!
E muitas vezes o eco ajuntava: Ariana... Ana ... E os trovões desdobravam no céu a palavra
Ariana.
E como a uma ordem estranha, as serpentes saíam das tocas e comiam os ratos
Os porcos endemoninhados se devoravam, os cisnes tombavam cantando nos lagos
E os corvos e abutres caíam feridos por legiões de águias precipitadas
E misteriosamente o joio se separava dó trigo nos campos desertos
E os milharais descendo os braços trituravam as formigas no Solo
E envenenadas pela terra descomposta as figueiras se tornavam profundamente secas.
Dentro em pouco todos corriam a mim, homens varões e mulheres desposadas
Umas me diziam: Meu senhor, meu filho morre! e outras eram cegas e paralíticas
E os homens me apontavam as plantações estorricadas e as vacas magras.
E eu dizia: Eu sou o enviado do Mal! e imediatamente as crianças morriam
E os cegos se tomavam paralíticos e os paralíticos cegos
E as plantações se tomavam pó que o vento carregava e que para afastar o calor sufocava as vacas magras.
Mas como quisessem me correr eu falava olhando a dor e a maceração dos corpos
-Não temas, povo escravo! A mim me morreu a alma mais do que o filho e me assaltou a indiferença mais do que a lepra
A mim se fez pó a carne mais do que o trigo e se sufocou a poesia mais do que a vaca magra
Mas é preciso! para que surja a Exaltada, a branca e sereníssima Ariana
A que é a lepra e a saúde, o pó e o trigo, a poesia e a vaca magra
Ariana a mulher - a mãe, a filha, a esposa, a noiva a bem-amada!
E à medida que o nome de Ariana ressoava como um grito de clarim nas faces paradas
As crianças se erguiam, os cegos olhavam, os paralíticos andavam medrosamente
E nos campos dourados ondulando ao vento, as vacas mugiam para o céu claro
E um só clamor saía de todos os peitos e vibrava em todos os lábios
- Ariana!
E uma só música se estendia sobre as terras e sobre os rios
- Ariana!
E um só entendimento iluminava o pensamento dos poetas
- Ariana!
Assim, coberto de bênçãos, cheguei a uma floresta e me sentei às suas bordas
- os regatos cantavam límpidos
Tive o desejo súbito da sombra, da humildade dos galhos e do repouso das folhas secas
E me aprofundei na espessura funda cheia de ruídos e onde o mistério passava sonhando
E foi corno se eu tivesse procurado e sido atendido vi orquídeas que eram camas doces para a fadiga
Vi rosas selvagens cheias de orvalho, de perfume eterno e boas para matar a sede
E vi palmas gigantescas que eram leques para afastar o calor da carne.
Descansei - por um momento senti vertiginosamente o húmus fecundo da terra
A pureza e a ternura da vida nos lírios altivos como falos
A liberdade das lianas prisioneiras, a serenidade das quedas se empenhando
E mais do que nunca o nome da Amada me veio e eu murmurei o apelo
- Eu te amo, Ariana!
E o sono da Amada me desceu aos olhos e eles cerraram a visão de Ariana
E, meu coração pôs-se a bater pausadamente doze vezes o sinal cabalístico de Ariana
Depois um gigantesco relógio se precisou na fixidez do sonho, tomou forma e se situou na minha frente, parado sobre a meia-noite
Vi que estava só e que era eu mesmo e reconheci velhos objetos amigos
Mas passando sobre o rosto a mão gelada senti que chorava as puríssimas lágrimas de Ariana
E que o meu espírito e o meu coração eram para sempre da branca e sereníssima Ariana
No silêncio profundo daquela casa cheia da montanha em torno".
(Vinicius de Moraes)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Soneto (Álvares de Azevedo)

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Limites

Que gosto tem seu limite?
Já se imaginou saboreando cada centímetro dele, seu cheiro acre quebrantado, partido em pedacinhos como se fossem docinhos recheados de licor?
E então, tal como o chocolate açucarado, sente-se o gosto doce e úmido dos restos daquilo que um dia foi chamado de
LIMITE.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quero pensar muito
e que não doa a miha consciencia
E que pensando alheiamente
nao venha doer a consciencia das coisas
E nas coisas
eu nao encontre tanta dor
para minha consciencia

Gessivaldo Lino Pinto.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

VAGUEIO

Falei sobre várias coisas. Fui, na medida,
o que tinha de ser. Me dei do jeito que me dei.

Como eu me dei...

Não creio que sirva de exemplo.
Desisto.

De repente, não tinha ninguém no mundo e eu
Nem era só.


Gessivaldo Lino Pinto

sábado, 24 de outubro de 2009

Existirá num relacionamento,
um nível de saciedade tal que
se possa pensar
"já deu tudo o que tinha que dar"?

Refletindo, chegarão ambos
num consenso silencioso
de que não querer-se mais
distindo é de mal-querer?

O coração já não mais transborda
de emoção, sequer a sente entrar.
Prevalecendo apenas um gostar  amigos,
Inimigo no amar?

O que então prende esses dedos,
além do símbolo dourado carregado?
Obediência, ignorância,
covardia, passividade?

Aperfeição





A perfeição se dá no perfume não doce da rosa,
nas curvas da estrada,
na dança do vento,
na certeza da não existência de fadas.

Se dá na aperfeição do dia corrido,
da música sem ritmo da chuva,
no beijo explosivo,
na alma do dia-a-dia florido.

A perfeição é aperfeição.
Somos assim, perfeitos, por não sermos.

Se acertamos, erramos.
Se erramos, confirmamos.

Sendo, não seríamos.

Perfeitos, humanos, bichos.
Ar, corpo, sangue, espírito.
Sorriso, sopro, fogo, ferida.
Espelho, suspiros, êxtase, vida.

Gabriella M.

Dia das Mães

Giuseppe Ghiaroni

Mãe! eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
orque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a avelha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la

Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e ten encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"

Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tade agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graçs, diz:"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me tranfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!


- Nota Fulô: Menos pelo dia, mais pelos meus filhos. Amo-os. Mais, muito mais que a mim mesma. Mais, muitos mais que o resto do mundo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Somos românticos

Românticos acreditam que amor é um sentimento;
que esse sentimento é eterno;
que é forte o suficiente para sobreviver ao tempo.

Românticos acreditam que se ama um homem ou uma mulher;
que o querer-bem é eufemismo;
e que quem nunca sentiu amor, não viveu.

Românticos tem certeza que Cristo emanava gotículas de amor;
que atraia as pessoas com seu cheiro;
que envolvia cada um com seu manto denso desse sentimento.

Românticos sofrem pela perda daquilo que nunca lhes pertenceu;
almejam que se completem o que já nasce inteiro;
sonham com uma vida perfeita, esquecendo-se de viver a vida com perfeição.

Entregam flores vermelhas, que simbolizam sangue;
entregam seus corpos, que simbolizam a vida;
entregam suas vidas, que simbolizam o nada na imensidão.

Românticos sentem arrepios quando falam e pensam;
querem roubar a lua, correr como loucos;
sentem-se únicos, com o único que quer;

Românticos declamam poesias para o amado;
sentem borboletas no estômago quando se apaixonam;
sentem saudades do passado.

Românticos sentem a alma completa quando sentem amor;
sentem-se estranhos quando caem,
e mais ainda quando se notam inteiros.

Sentem-se mágicos e onipotentes;


mas persiste uma coisa que sobre eles há de se falar:



nenhum romântico nunca mostrou
o que se sente ao viver o amor.

Gabriella M.




domingo, 18 de outubro de 2009

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal,
posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes


(Sábias palavras...)
O Beijo

Se teu beijo doesse e torturasse,
transmitisse um veneno e uma doença,
inoculasse o gérmen da descrença
e destruísse a Fé que não renasce!

Se teu beijo ferisse e condenasse,
fosse um pecado, um crime e uma sentença;
se eu te beijasse e, numa angústia imensa,
fosse ficando pestilento de uma face!

Se o teu beijo deixasse uma ferida
e meus lábios sangrassem toda vida
e eu tombasse murchando sobre o pó...

Tu serias o horror de toda a gente!
Mas eu te ampararia docemente
e pediria, em troca, um beijo, um só!

Giuseppe Ghiaroni

sábado, 17 de outubro de 2009


Onde foi que me enfiei!?
Passei anos fazendo poesia da vida
planejando sonhos,
me fantasiando pra não me expor.

Molhei flores em pensamento,
respirei sol cá no meu peito,
Sai correndo feito louca, desvairada
com pressa de viver.

E de repente,
não mais que de repente (como já outrora disseram)
Chegado o momento certo,
vi que não fiz da vida, poesia.
Não vivi hoje, como eu queria,
não saboreei o cheiro das flores que outrora colhia,
fiz do avesso o anverso do que sonhei.

Sinto como se tivesse engolido uma bola de fumaça,
fumaça roxa e envenenada,
tropeçando nas palavras que vivi,
sentei no canto escuro do quarto,
falei bobagens, filosofei,

Gritei.
desisti.
sorri.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Aos pensantes, oi...!


É... hum... estou um pouquinho sem graça.. nesse primeiro post e... bem... vamos lá...
andei vendo alguns blogs por ai e no primeiro post, faz-se tipo uma descrição do que acontecerá, um resumo da personalidade de autor e blablabla... e.. bom... acho que nao vou bem seguir esse rito e...
enfim...

Que bom, a essa altura do campeonato, encontrar alguem perdido nesse mundo.. ai, que alivio, saber q nao estou só!

Estive pensando... ultimamente (tipo nos ultimos 5 anos) andei observando e... estranho como a grande maioria das pessoas nao procuram por si mesmas nessa passagem... acho tudo isso extremamente bizarro... nao consigo entender como pode alguem fazer uma viagem dessas e nao parar pra pensar (sim.. PARAR pra pensar..) em como, onde, por que!?

Se, ao final, realmente se entende que nao há pra que tantas perguntas, ainda assim valeu... valeu pensar.. pq se conclui algo.. ainda q seja uma conclusao meramente transitoria...

ah... antes de finalizar esse primeiro post.. queria deixar claro... é só um convite para pensar... aos filosofos de plantao.. bater papo atoa... façam-me pensar... me resgatem!