domingo, 26 de setembro de 2010

Segue




















Um segundo
E sei
Que és,
Que quero,
Que queres,
Que sou.

Mas
a vida acontece
e ainda tem
a acontecer
a anteceder
a ceder

Paz
e ciência.
E segue
desinteressados
nos nós
e vive tranquilo

antes da vida
ser nós,
e que eu seja
o que sou
e que sejas
o que és.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010




















Eu só queria amar um pouquinho,
Ter a pele afagada,
O sangue queimando, de levinho.

Era pra ser fugaz,
Opaco, até
Frio.

Era pra ser vento,
Choro, riso,
Adeus.

Eu queria só o mundo
E você me deu
o seu.

tão leve, tão teso.
superficialmente
fundo.

E o adeus diário
A Deus agradeço,
Amo.

Hoje.
E amanhã aguardo
E talvez até

Continue amando,
Leve, Lento,
Sempre "...ando"

quarta-feira, 15 de setembro de 2010














Sinto a vida me chamando:
“vem, vem!”
E a vontade de entregar-me
em seus braços é tão linda,
que distancio-me mais,
pra poder vê-la de longe.

(frô)
(Imagem: www.devianart.com)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Entre...



 ( imagem: www.devianart.com)

 Entre...

Entrementes,
Entreventos,
Entrevidas.

Atrevidos risos,
sonoros rios,
Pensamentos calcados.

Planos forrados,
 Gelos tragados,
Peitos parados,

Gemidos,
Surrados,
Sentidos.

(frô)

A duas flores

 
 
Castro Alves

São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez no mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.


Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.


Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.


Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!



Livro: Espumas Flutuantes


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cartas a um jovem poeta - Rainer Maria Rilke


 Cabeças girando, o ar faltando...
Por onde começar...? Um profissional disse: leia! Na última entrevista concedida por Clarice Lispector - 1977, ao jornalista Julio Lerner, este citou Rilke, em afirmação pertinente e sagaz. Foi o bastante para despertar a curiosidade e enxotar a preguiça...

Assim, nessa época em que tanto se tentam resgatar os clássicos, lá fui eu, pra dentro de mim mesma.

Pensei em postar todo o mini livro q adquiri, aos poucos... mas sinceramente? Se o fizesse, privaria o caro visitante de manusear qualquer coisa que seja Rilkeano... e seria como descrever-lhe o gosto adocicado de uma fruta já extinta. Não, não é direito. Apenas alguns trechos e breves comentários. Menos para informar e, como sempre, mais pra desabafar ou, no caso, para transbordar...

----------DA PRIMEIRA CARTA - PARIS, 17.02.1903----------
"(...) Sua amável carta que as acompanha não deixou de me explicar certa insuficiência que senti ao ler seus versos sem que a pudesse definir explicitamente. Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. (...)"
---------- 

Queria que meu pai lesse isso... tvz entenderia porque escrevo pra mim e pq nunca me apeteceu participar de concursos literários ou mesmo intentar qualquer publicação. 

O blog, com suas asas helicopterianas, jamais me cheirou a algo polinizador. Antes, uma tentativa de buscar gente que sente, fala do que sente ou de alguma forma se identifica com as palavras lidas. E a busca foi simplesmente pra nao me sentir tão sozinha...