segunda-feira, 29 de novembro de 2010


 (imagem: devianart.com)

Se se é só,
Só se é, sem mais.

Busca-se a felicidade
em prazeres invaloráveis;
Na impreocupação
do amanhã não ser.

E para não se des-ser
quando se se encontra noutro ser,
Procura-se guardar-se
de tudo que se pode violar

O ser que se faz,
A intimidade vivaz.

Não saber se é ou se não é
Antes de se perceber,
Arrisca-se tudo a (se) perder
Pelo certo do que é fugaz,

Naquilo que se apraz,
De prazer, sem espírito.

(frô)

sábado, 20 de novembro de 2010



Ainda me pergunto diariamente: o que é que querem de mim?
Agi, vivi, aprendi tantas coisas… e fazendo uma análise de tudo, decretei minhas vontades e fui fazendo, fui agindo, realizando-me toda nelas, ao meu tempo, inclusive com ele ao meu lado, ele, o tempo.

Listei muito do que me apetece e muito mais do que repudio.

Mas qual não foi minha surpresa!
Deus tomou-me a direção…

Já gritei, esbravejei, chorei… e por fim, sei lá... sorri…

Mas deus já a segurava, a minha vida…

(justamente aquele deus que pela minha incerteza sua, trato por “você”, justamente para que não lhe pareça que o respeito ou que eu acredite que ele é. Não o desrespeito. Não, isso não. E até peço que ele olhe pelos meus, por via das dúvidas. Mas…)

E fez-me mais uma vez, querer falecer, simplesmente.

Engraçado como tantos temem a morte,
Outros tantos a desejam e
Eu e outros tantos, a esperamos ansiosamente…

E Clarice (sempre), descreveu talvez por completo o sentimento
Do estado do eterno suicida: 

“Já quis estar morta, não porque não quisesse a vida – a vida que ainda não lhe dera o seu segredo (…)” e, mais adiante, na mesma obra: “a verdade é que não sabia viver.”

... é... essa é a verdade...
e se aprende?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sempre Clarice...

(Beth Goulart - Clarice)

"mas nada se passara dizível em palavras escritas ou faladas"

Lembro-me do poema que postei aqui ha alguns dias... Com q a querida leitora Lily mostrara
empatia, por estar num momento em que não transpiramos uma linha sequer... 
Clarice descreveu bem esse momento!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Fracisco Perna Filho



De tanto ouvir o querido pai do meu filho (que ainda não nasceu) a comentar dos encantos literários de seu professor da faculdade, lembrei-me, enfim, de procurar saber quem é Francisco Perna Filho.
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Visgo
(Fracisco Perna Filho - Chico Perna)

As pernas daquela moça eram longe,
distantes de tudo,
longínquas
e humildes.
As pernas dela
souberam dos meus olhos,
ignoraram distâncias.
Fechamos a porta.



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Natural daqui mesmo, do Tocantins, parece-me algo intenso, sutil e profissionalmente poético.
Sim, não é pra qualquer um...
Os encantos literários transmitiram-se e digo: fechemos a porta...


Deixo os endereços de seus blogs como convite...


http://banzeirotextual.blogspot.com/2009/05/visgo.html
http://poesiaenatureza.blogspot.com/

domingo, 14 de novembro de 2010













Tão obviamente simples,
que parece até verdade.
De um olhar tão sincero,
Que óbvio é que não é simples.

Tão naturalmente profundo
mas estranhamente raso.
De uma intensidade tão sutil
Que intriga e dá vertigem.

De mim, tirou migalhas.
Mordeu e as lançou,
Como meninos levados
A caroços de melancia.

E com uma frieza incomum,
(e a fria era pra ser eu)
Levou de minha boca todas as palavras
Restando apenas reticencias.

E os cuspiu
(os três pontinhos),
com tanta simplicidade e veemência,
que me fez rir.

E caminhando, virou lá
Onde o vento faz a curva,
Fechando o livro
E assinando com letra de forma.

Letra de autor que mentirosamente
autografa a capa,
“com carinho”,
Sincero mesmo, só a si.

E eu continuei rindo.
Como boba, no meu próprio palco.
Porque o mágico fez a pomba virar pena
E a coitadinha sumiu mesmo!

Mesmo rindo, me sinto viva.
Porque tenho menos de mim, em mim.
E como todo mundo sabe,
O sereno esfria a pedra.

Mas ó… tanto faz, dou de ombros,
Porque não sou pássaro nem melancia…
E das minhas pétalas,
Nem da sombra da cor do cheiro experimentou.

(e seria sincero se dissesse que nem queria.)

frô
21/08/2010