segunda-feira, 18 de dezembro de 2017


De tanto em tanto tempo, os astros se alinham e, por alguns momentos, é formado um corredor mágico entre duas pessoas.

Por dentro, ele é negro, cheio de estrelas e parece infinito. Acima, um universo convidativo, misterioso e intrigante. Não há chão (nele, se flutua). À frente, um destino aveludado e com cheiro de flor.

As regras são simples: quem nele entra, corre um sério risco de se perder. Quem não tem nada a perder e tem coragem, se aventura. Quem não tem coragem, não saboreia. Quem tem coragem mas tem a perder, se arrisca inutilmente. A verdade, que poucos sabem, é que o destino aveludado, na verdade, não existe. O indivíduo se perde no vasto universo convidativo de estrelas e nunca mais volta – não ao status quo.

De tanto em tanto tempo, os astros se alinham e, por momentos vários, são formados túneis de sonhos e planos entre duas pessoas.

Por dentro, ele é furta-cor, cheio de nuvens leves e amenas. O chão é áspero, mas seguro. À frente, incognoscíveis destinos e perfumes. É surpresa atrás de surpresa.

Quem nele entra, corre um sério risco de viver. Vive-se e cresce-se. Não tem a magia do céu negro, infinito e estrelado, mas tem a morna paz do aconchego. Nele, não se perde, a não ser os céus de corredores, que vez em vez, surgem. Mas a importância deles é relativa. Basta firmar os pés na terra, que tudo se resolve.

Os túneis e os corredores possuem características comuns: surgem de tempos em tempos. Morrem, também. São incontroláveis, ambos. São imprevisíveis. Todos possuem entrada e saída, mas tanto encontra-las quanto decidir pelo transpasse ou não, são tarefas difíceis.

Se são excludentes? Sim e não. Sim, porque a entrada de um é a saída do outro. Não, porque um se torna o outro num piscar de olhos.

De tanto em tanto tempo, os astros se alinham e, por um breve momento, você percebe que não sabe de nada, não controla seus desejos e na realidade, mal faz o que acreditava serem suas próprias escolhas. Percebe sua pequenez e fragilidade e faz conjecturas ridículas. Inventa teorias e finge que sabe das coisas.




Em fim, você me deixa.
Ou deixo-o, eu.
Ou deixa-me deixar-te.

Em fim sigo, leve,
asas soltas.

Não olho para baixo,
mas para meu destino, o Sol.

Sinto seus olhos a me seguirem.
Suas mãos agarram-se nas minhas.

Inútil.

Desvencilho-me.
Uma vez, mais uma vez, uma vez mais.

Deixaste-me seguir, deixando-me.
Agora vá e siga você.

Minha indiferença o incomoda,
o sei.

Aprende a lidar.

Queria-o antes.
Quisera.

Deixou-me antes.
Deixa-me mais uma vez.

Não quero, hoje.
Amanhã, não sei.