segunda-feira, 4 de maio de 2015

Amores passados


É bom que saibamos que toda história de amor é um conjunto de momentos, contexto, sentimentos, sensações, condições e ainda outros tantos fatores. Quando esse conjunto envolve mais de uma pessoa, tem-se relacionamentos interpessoais. São relacionamentos entre amigos, familiares, colegas, conhecidos, parceiros.

Os relacionamentos, por sua vez, podem nos trazer sensações e sentimentos bons e ruins. Quando são bons, ligamos à ideia de amor. Se são bons e acontecem com determinado parceiro, então logo o classificamos como relacionamento amoroso.

Compreendendo, portanto, que tais relacionamentos nada mais são que uma espécie de um gênero muito mais amplo, é imperativo aceitarmos que a importância real que esse “tipinho” desempenhará em nossas vidas é idêntica à dos outros relacionamentos, a menos que assim não queiramos.

Partindo dessa premissa, compreendendo que o relacionamento amoroso é tão somente um tipo de relacionamento interpessoal e que muitos dessa espécie se desenharão em nossas vidas, torna-se prazeroso enxergar os relacionamentos passados como belos livros, ilustrados pelas imagens das lembranças, desenhados nos cenários da vida.

Há leitores que se entretêm facilmente com as histórias que leem, não desgrudando os olhos das páginas mesmo enquanto caminham, descansam, comem. Riem e choram. Suspiram, pensam na vida. 

Há livros que têm o condão de pregar dessas peças com qualquer leitor desavisado.

Ao final da obra, contudo, a vida continua. Fechamos a última página com ódio mortal ou apaixonados pelos protagonistas. Muitas vezes, temos raiva dos bandidos que não se deram tão mal quanto mereciam. Ficamos, ainda, com uma vontade louca de acertar as contas com o autor! Mas o livro acabou e só nos resta virarmos a última folha e encontrarmos a triste, solitária e melancólica capa.

Os amores passados são livros que podem ser folheados vez ou outra, mas, em regra, não são ressuscitados. Poucos acabam relendo o livro já findo, que jaz ali, numa estante preciosa, no fundo da memória; preferimos partir para outra obra, com a expectativa premente de conhecer novos personagens, novos enredos, novas tramas. E, por incrível que pareça, os novos personagens nos cativam majestosamente; as paisagens imaginárias nos aconchegam; somos apresentados a novos problemas, novas soluções e novas sensações. Somos presenteados com um mundo novinho em folha!

E assim continuamos nossa caminhada como leitores e protagonistas de nossas vidas. A cada livro ou história, novos aprendizados, novas lembranças, novos sentimentos.


Finda a leitura, saibamos partir para a próxima obra, desejando termos nós, personagens, tolerância, compaixão, amor, paciência e persistência suficientes para que, em algum momento de nossas vidas, escrevamos o último livro e que este, termine com reticências.   
(frô)

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