domingo, 3 de maio de 2020

Tuas mãos no meu pescoço, apertando a carne estranhamente me ligava à minha natureza mais hostil. Não havia medo ou insegurança, mas entrega. Quanto mais a palma da tua mão tomava coragem para agarrar a minha pele fina, mais eu entrava em contato comigo mesma, com uma vulnerabilidade estranhamente desejada. Você, num primeiro momento, estranhou e se conteve. Precisou de alguns claros pedidos em gesto para tomar coragem e se entregar ao sentido mais primitivo que pulsava no teu sangue. Olhos cravados no espelho, como tuas mãos na minha carne, largando o pescoço e sentindo cada centímetro do meu colo. Meus seios já não eram mais importantes do que o resto do meu corpo, que pulsava ferozmente numa névoa libidinosa insaciável. Meus ombros eram tão eróticos quanto meu feminino mais íntimo. Meu pescoço, tão saboroso quanto meus mamilos. Eu era, da ponta dos pés aos fios de cabelo, toda energia, toda sexo, toda desejo. Enquanto tu, senhor daquele espaço, era tudo o que quisesse ser. 

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