domingo, 14 de janeiro de 2018

José suspirou, aliviado. Fechou os olhos e relembrou o momento insano, em que Ana estendeu os braços e subiu, rumo à lua. Viu seus pés saindo do chão. Viu seu corpo magro volitar. Viu seu vestido vermelho bailando no ar. Se lhe contassem, ele mesmo nao acreditaria. Mas viu.

Bastou aquele momento para entender que mágicas não existem. O universo não conversa por sinais. Os seres humanos nao seguem regras naturais.

Entendeu que afinidades não movem pessoas. Que atração física é mera carne. Que as borboletas no estômago sao apenas criação de gente que as alimenta.

Ao ver Ana partir, José ficou um pouco mais cético. Aquela primeira foto que viu dela, antes de conhece-la, em que a reconheceu de algum lugar, era só sua alma tramando com a alma dela um atalho para se encontrarem. E nada mais.

Ana subiu. Subiu tanto que, em dado momento, desapareceu. José vestiu sua blusa, colocou seu chapéu e voltou a ser um mero mortal, mal protagonizando, agora, sua própria vida.

Um dia, viu um clarão no céu. Imaginou ser Ana e olhou para cima, sem perceber que a calçada terminava e começava a rua. Assim Ana magicamente o reencontrou, em algum lugar desse mudo universo, que não aqui.

(02.01.18)

Nenhum comentário:

Postar um comentário